domingo, 11 de maio de 2008

Eu e minhas Circunstâncias

Eu sou feito pelas circunstâncias, assim como qualquer outro. Dizem uns, que a ocasião faz o ladrão.
Na nossa terra, sonhamos todos em conhecer o mundo, é nosso destino, nossa teimosia. O eterno dilema do 'ter que ir querendo ficar'. Eu também teimei, saí do ventre de minha terra e me aventurei pelo mundo que, com ares de meretriz, me seduzia, enquanto ingénuo garoto.
Hoje não digo que me arrependo, pois consegui coisas que me farão feliz a vida inteira. Arrependo-me apenas das coisas que eu não fiz, não por desleixo, apenas por não saber o quanto eram importantes essas coisas.
Arrependo-me de não ter aproveitado mais minha terra, nossa música, nossos livros, nossos poemas sobre estiagens e fomes de épocas passadas. Arrependo-me também de não ter saído mais na chuva, de não ter decifrado que a chuva cai com o único desejo de lavar nossas almas, de secar nossas mágoas.
O arrependimento serve a mim, no sentido de me fazer ver as coisas lindas que existem em minha terra. Serve para me fazer entender a burrice do nosso 'regionalismo'. Para entender que o que une nossas separadas ilhas é nosso povo, nossa coragem de viver!
Sonho, logo existo, digo eu.
Aquele abraço

Eliezer Monteiro - Rio de Janeiro

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